sábado, 3 de maio de 2008

MONTENEGRO - 2ª Ediçao






A 2ª Edicao de "MONTENEGRO" chegará no inicío de Maio às principais livrarias.




O autor deseja agradecer a todos os que, por todo o país, têm manifestado interesse pela obra e pela sua história inspiradora, bem como todos aqueles que, de qualquer forma, se têm associado à causa que nos move.




"MONTENEGRO", a história mais bonita dos nossos dias, foi escrito e pensado para si, porque foi escrito e pensado para todos os que ainda sonham com a felicidade.

quarta-feira, 12 de março de 2008

MONTENEGRO E A LUTA CONTRA A SIDA




MONTENEGRO é um estrondoso grito social contra todas as formas de discriminação social, todos os laços de discriminação que se unem para rebaixar e destruir a autenticidade da natureza humana.

Neste sentido, a Liga Portuguesa Contra a Sida associou-se ao lançamento de MONTENEGRO (dia 30 de Março, no Chiado) e a Dra. Maria Eugénia, Presidente da Liga, fez-nos chegar o seguinte comentário, que muito agradecemos:



Uma historia de Vida, de um Homem, com um Sonho,de um presente que devia pertencer ao passado, sobrevivendo ao vírus social, à Solidão, à Ignorancia, à Discriminação e ao desAmor!


Uma luta que dura há 18 anos, tantos quantos a Liga tem e,porque para nós a Solidariedade tem um valor inestimável e,porque acreditamos que ser Solidário, é partilhar sem nada receber em troca ...acreditamos também que este gesto contribuirá para mais e melhor a Liga fazer, até ao limite do esforço de todos aqueles que com ela colaboram....



Liga-te a nós....E UMA BOA LEITURA!!!




Dra. Maria Eugenia, Presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida




André Ventura agradece profundamente a possibilidade de colaborar com a Liga Portuguesa Contra a Sida e explica as suas razões, fundamentos e objectivos no site oficial em http://www.montenegro2008.no.comunidades.net/index.php?pagina=1019257863

MONTENEGRO IV - A ULTIMA BATALHA


Visto ao longe, Luís encarnava a imagem fiel de um dos miseráveis de Vítor Hugo. Exasperava desesperadamente, como se procurasse romper lanços feudais que o amarravam desde tempos históricos imemoriais. Cobria-lhe o olhar um brilho próprio das classes revolucionárias, do espírito de Rosseau e Montesquieu, incansável na busca de uma perfeição que se situa algures na terra, entre o espírito controverso dos homens e a exactidão dos números. Lutava contra a química e as necessidades básicas de um corpo em acelerada decomposição, tal como o condenado procura evitar desesperadamente as galés.


Era um obstinado Jean Vayean, quase sufocado pela estrutura inabalável dos seus princípios.



No cubículo, não era mais nem menos do que Rosa, toda encolhida numa minúscula caixa de cartão, ao sabor do vento, dos dissabores urbanos e da crueldade indistinta. Também ele podia conhecer o que era não ter dignidade ao olhar dos outros, ser pontapeado no estômago sem piedade, ver a casa destruída por uma acto de pura excitação vândala.



Paris deve ter sido assim, em 1789. Assim a Bastilha, na véspera de ser violentamente assaltada. A resistência do que sempre foi e nunca imaginou sequer poder deixar de ser é talvez o mais feroz dos inimigos. Só ultrapassada claro, pelo espírito do que nunca foi e sempre lhe foi barrado ser ou sonhar ser. Assim Luís, envolto na névoa de cefaleia a que se habituara, no odor pesado de transpiração, com o sorriso de Mordechai na carteira e na mente.
Enquanto pedalava, não era mais do que todos aqueles que, no rigoroso Inverno de Varsóvia, seguiam Mordechai embalados numa utopia dramática: a de que a racionalidade, mesmo quando escassa e impotente, pode vencer a brutalidade, mesmo quando massificada e poderosa. Enquanto agonizava de dúvida, de frustração e de medo não era mais do que aqueles que acabaram por sucumbir à indiferença da pólvora, sempre ao serviço de quem a detém.



Queria vencer pela virtude, pela história em si mesma, pelo destino que acreditava jogar-se ali, na exaustão dos seus músculos (...). Na sua alma, porém, a transformação desejada operava-se lentamente, deixando que o sorriso de Mordechai e a serenidade cândida de Cláudia substituíssem progressivamente a combustão de ódio e de vingança.










terça-feira, 22 de janeiro de 2008

MONTENEGRO III - Quero morrer de pé



“Ao lançar um olhar desinteressado na direcção da porta de entrada, deparou-se com uma visão da perfeição: acabada de entrar, uma mulher de cabelos castanhos longos, encaracolados, andava em passos harmonizados até ao balcão, envergando umas botas de cowboy castanhas, de couro. As calças apertavam-se incondicionalmente ás pernas, umas pernas solidamente seguras e ciosas das suas curvas inultrapassáveis, num corpo que se definia mais acima, onde uns seios salientes forçavam uma fina camisa de algodão toda branca, colorida com uma espécie de talismã que se segurava no pescoço. Por momentos, parara de respirar e observava apenas como os longos caracóis continuavam num rodopio incansável ao sabor do vento que parecia querer, também ele, acompanhar este anjo negro. Algo de perverso, de extremamente diabólico emanava desta mulher, desta cara tão angélica, demasiadamente angélica. Algo no seu corpo denunciava uma tenacidade carnal sem limites, um desejo sem fim de ser possuída, de fruto proibido. Um misto de anjo e de prostituta sintetizadas no mesmo corpo, expressando-se sobre um sorriso comum, magnético. Uma fada do desejo e do pecado.

Luís voltava a concentrar-se nos artigos. Lia qualquer coisa relacionada com umas marcas na língua, que pareciam surgir à medida que o sistema imunitário se ia enfraquecendo e a que os médicos chamavam de “candidíase oral” ou, mais grave, “Leucoplasia pilosa oral”, mas possuía pouco poder de concentração e rapidamente voltava a erguer o olhar para a mulher que, de vez em quando, lhe premiava também com um olhar de soslaio, desde os seus olhos castanhos pequenos mas brilhantes, como todos os grandes mistérios da vida.

Era como se dois mundos se enfrentassem e ele fosse um mero espectador, ali, com a sua chávena de café fumegante na mão. De um lado a doença, com o seu espectro de sofrimento e de degradação do corpo. Do outro, a beleza, a sensualidade, embora revestidas de pecado e de uma atracção mortalmente sexual. E rapidamente todo o seu corpo estava domado por um sentimento de desejo profundo, de jactância e de domínio sobre o mundo. Era como se à sensação de liberdade de há momentos se unisse agora uma sensação de domínio do mundo, de livre expressão da carne e de reino do desejo.

Luís voltou o olhar para a vitrina. Estava um dia turbulento de Inverno e o vento não dava tréguas a nada nem ninguém. Ele não daria tréguas à doença nem à humilhação. Talvez ali, enquanto aquelas pernas semi-dobradas no balcão o enfeitiçavam sem limites, decidiu que não mais voltaria ao médico ou àquele gabinete branco no Hospital de S. João e por isso mesmo tirou um guardanapo de uma das caixinhas e escreveu, orgulhosamente, quase num estado febril, “Quero morrer de pé!”.










quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

MONTENEGRO II - a descida








"Enquanto descia a serra alimentava-se de um desejo compreensível de liberdade. Liberdade para a vida, liberdade na doença, liberdade ‘apesar’ da doença. Sentia o ar a bater-lhe na cara, o cabelo a querer despegar da cabeça, as folhas a caírem e a pintarem os céus com pintas de amarelo antigo, dourado, e apeteceu-lhe deixar de ser ele e ser apenas mais um fragmento daquela natureza, daquela paisagem que se erguia perante os seus olhos e lhe fazia estremecer o corpo. A doença, o mal, o fracasso, o impossível, o não aconselhável, o correcto, tudo isso não eram mais do que palavras, conceitos surpreendentemente vazios e inoperativos ali, na combinação plena da natureza com o homem, naquela canção comum de felicidade.


A velocidade aumentava, as folhagens das árvores lembravam o cabelo solto de Cristina, numa noite incrível dum quarto de hotel, os troncos sólidos das Oliveiras sucediam-se quase sem se notar, como ele próprio gostava de sentir ao deixar os outros ciclistas para trás, exaustos. O céu enegrecia e formava-se um quadro pitoresco, uma espécie de amálgama onde brotava todo o tipo de vida e onde ele se recordava dos seios de Cristina e das pernas longas de Rosa, da dourada Cristina e da pele branca, angélica de Rosa, encolhida na sua caixa de cartão. A velocidade apresentava-se ali como uma metáfora espantosamente real da sua vida, veloz, talvez fugaz, mas intensa e imparável. Ainda povoava o seu cérebro a imagem dourada de Cristina, com um ínfimo brilho do sol que aparecia timidamente antes do anoitecer definitivo sobre a Serra das Banjas."

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Comentario do Dr Artur Lopes, Presidente da Federacao Portuguesa de Ciclismo e Vice Presidente do Comite Olimpico Portugues

Este livro retrata uma viagem alucinante ao mundo do sucesso, associado ao desporto, e até onde este nos pode levar, revelando ao mesmo tempo que cada um de nós consegue alterar o rumo das nossas vidas na procura da verdadeira razão para a felicidade.

Trata-se de uma história intensa em que fica demonstrado que no Desporto, em particular no Ciclismo, podemos encontrar força e paixão em cada momento de glória, para vencer obstáculos à partida impossíveis de ultrapassar, fazendo com que voltemos à vida.



Dr. Artur Lopes
Presidente da UVP – Federação Portuguesa de Ciclismo

MONTENEGRO I - A surpresa na Vuelta














"A tarde encerrava-se a si própria sem entusiasmo. Era um dia tosco e o seu fim teria de ser tosco também. Só não era tosco o ambiente no cimo da montanha Los Rios[1], nas Astúrias espanholas, onde uma significativa multidão se apinhava, aos gritos e sobressaltos, enquanto uma mão cheia de pobres ciclistas, a suar e sem ânimo na expressão, continuavam a sua ingrata pedalada montanha a cima.
Os rostos estavam pálidos e doridos, mostravam dores que só o homem pode suportar e sentimentos que só Deus poderá conhecer. À medida que os minutos se ultrapassavam também, lentos de uma lentidão de sempre, a caravana de homens aumentava, era agora um autêntico festival de bicicletas, um amontoado de alumínio e alta tecnologia, que parecia ser indiferente aos gritos da multidão, aos salpicos constantes de água, ao massiço dos automóveis e das roulottes que haviam estacionado mesmo na beira da estrada íngreme e pareciam falsamente acompanhar a subida dos ciclistas (...)."


"O céu, esse, parecia invadido da mesma tristeza, ou da mesma emoção surda, como se os seus gritos tivessem também ficado suspensos por algo de extraordinário. Era de facto algo de extraordinário que se passava em Los Rios aquele final de tarde e todos tinham, de certa forma, consciência desse facto, todos sentiam estar a ser parte da História, ou pelo menos de uma qualquer história seguramente importante.
Uns 30 metros antes da meta, os músculos levados ao limite do trabalho e da exaustão eram visíveis nas pernas de Luís, os próprios músculos da cara estavam terrivelmente tensos, como um trovão que se prepara para rebentar em pleno céu. Imaginava-se o novo Napoleão das montanhas, coroando-se imperador a ele próprio sob o olhar incrédulo da multidão, e uma sensação de súbito e intenso prazer alastrava-lhe ao cérebro, amortizando, de certa forma, a dor e a tensão da subida. Pensamentos de vingança, de vingança contra não sabia bem quem ou o quê, mas seguramente contra toda a sua vida e todos aqueles que o queriam minimizar ali, naquelas colinas, para as quais se havia preparado meses a fio, dias e dias de provação.



[1] Nome tradicional, entre os mais antigos habitantes das Astúrias, dado ao Alto del Angliru, uma fase marcante da Volta a Espanha em bicicleta (...)".


Porquê um blog do livro?


Vou aproveitar este espaco para vos por a todos, meus amigos, ao corrente do lancamento do livro e dos locais onde irao decorrer sessoes de apresentacao. Escusado sera dizer o quanto me entusiasmaria que cada um de vos la aparecesse.

Claro que a escrita nao faz sentido sem o leitor. Apesar de o sentido, em si mesmo, nao ser criado pela simples interaccao, nao faz sentido escrever senao para criar mundos paralelos, fantasticos, em que o agente-leitor encontre o seu proprio espaco de reflexao e mesmo de producao.

Vou tambem aproveitar para divulgar pequenos excertos da obra, porque sao os vossos comentarios que verdadeiramente me entusiasmam e me inspiram para que continue a produzir, a escrever, a inventar...

Obrigado por todo o apoio que me deram ao longo dos ultimos dois anos de escrita incansavel por terras do Reino Unido, Irlanda, Israel e claro, o nosso querido Portugal.

um abraco a todos e espero os vossos comentarios

Andre Ventura

O romance que vai estrear em 2008


Pois e', o meu ultimo trabalho, MONTENEGRO, esta prestes a sair para as livrarias. Um romance feito para voces, uma historia imaginada, escrita e desenvolvida sem outro proposito que nao o de fazer reviver o moderno sonho europeu.

O meu grito contra a discriminacao, a doenca e a mesquinhez no mundo moderno. O meu grito contra a limitacao do ser humano, contra os sonhos cortados a nascenca.

O meu sonho de uma humanidade vencedora, plenamente vencedora.

Andre Ventura